O Grupo Adicc realiza acompanhamento de todos os cursos, palestras e capacitações oferecidos pela Escola de Contas do Tribunal de Contas dos Municípios do Estado da Bahia (TCM-BA), disponibilizados publicamente em seu canal do youtube.

As imagens foram extraídas do material didático do curso "CGCAGM - Módulo II - Os sistemas digitais de controle e prestação de informações", realizado em 01 de julho de 2021, promovido pela Escola de Contas do TCM-BA.


Nota-se pela tela acima que o sistema demonstra, de forma inequívoca, a simplicidade e clareza do formulário de inserção de dados no SIGA – Módulo Captura. As caixas de seleção e campos obrigatórios encontram-se adequadamente identificados, minimizando a margem para equívocos. Assim, é difícil justificar qualquer alegação de "erro material" ou desconhecimento das informações, uma vez que o próprio sistema orienta o usuário, passo a passo, no momento do lançamento.

Aspectos Técnicos do Sistema:

O SIGA – Módulo Captura apresenta características de interface que seguem princípios básicos de usabilidade (UX/UI Design):

Menus dropdown pré-configurados: As categorias de veículos (Moto/Lambreta, Automóvel, Caminhão, etc.) são selecionadas através de listas suspensas, não permitindo digitação livre que pudesse gerar confusão;

Identificação visual clara: Campos obrigatórios marcados com asterisco (*) e cores diferenciadas;

Fluxo sequencial lógico: O sistema guia o operador através de etapas progressivas, reduzindo drasticamente a possibilidade de erro humano não intencional;

Botões de confirmação e cancelamento explícitos: Conforme visível na interface, o sistema disponibiliza claramente os botões "Gravar" e "Cancelar", permitindo ao operador revisar, corrigir ou desistir do lançamento antes da confirmação final. Ou seja, mesmo que houvesse preenchimento equivocado inicial, o servidor teria a oportunidade de cancelar a operação e recomeçar corretamente.



O sistema de registro é extremamente claro e fácil de usar, praticamente impossível de errar em condições normais de operação. Errar um dígito isolado até poderia ser aceitável como falha humana pontual, mas "errar" sistematicamente todos os campos críticos — transformando uma motocicleta em caminhão, alterando placa, categoria veicular e demais dados cadastrais — e ainda assim pressionar o botão "Gravar" conscientemente configura uma sequência de ações que desafia qualquer explicação baseada em "erro material involuntário".

É fundamental destacar: o operador teve a oportunidade de revisar os dados antes de gravar. Teve a opção de cancelar. Mas optou por confirmar informações flagrantemente incorretas. Isso não é erro — é escolha.

Contexto Organizacional e Falta de Capacitação Adequada:

É importante considerar que, para um servidor público cometer uma sequência tão extensa de equívocos em um sistema com tantas salvaguardas, algumas hipóteses merecem reflexão:

  1. Falta de capacitação técnica e critérios inadequados de seleção: A pessoa designada para operar um sistema que gera consequências jurídicas e financeiras graves para os cidadãos claramente não possui o preparo, a atenção ou a responsabilidade necessária para a função. Isso levanta questões sobre:
    • Quais foram os critérios para escolha deste servidor?
    • Houve treinamento formal e avaliação de competência?
    • Existe supervisão e auditoria periódica dos lançamentos?
  2. Sobrecarga de trabalho e ausência de controles internos: Servidores submetidos a metas abusivas, jornadas exaustivas ou acúmulo de funções podem apresentar queda significativa na capacidade de concentração e atenção aos detalhes. A ausência de dupla checagem ou validação por supervisor agrava o problema;
  3. Pressão institucional por resultados numéricos: Ambientes onde há cobrança por quantidade de autuações ou arrecadação de multas podem criar incentivos perversos que levam a práticas inadequadas, incluindo lançamentos apressados ou deliberadamente incorretos;
  4. Condições ergonômicas e psicológicas inadequadas: Estresse ocupacional, burnout, problemas pessoais não resolvidos ou ambiente de trabalho tóxico podem comprometer gravemente o desempenho profissional.

A Questão Central: Competência e Responsabilidade

Não se trata apenas de "erro humano". Trata-se de incompetência técnica, negligência grave ou má-fé. Uma pessoa minimamente capacitada e comprometida com o serviço público:

  • Conferiria os dados antes de gravar;
  • Utilizaria o botão "Cancelar" ao perceber inconsistências;
  • Teria noção básica das categorias veiculares (moto ≠ caminhão);
  • Compreenderia a gravidade de lançar dados incorretos que afetam direitos e patrimônio de terceiros.

A ausência dessas competências básicas indica que a pessoa escolhida para esta função simplesmente não deveria estar operando o sistema.

Transformar uma moto em caminhão, revisar os dados na tela, ter a opção de cancelar, e ainda assim pressionar "Gravar" não é tropeçar no teclado; é reescrever a realidade de forma deliberada e sistemática, o que configura, no mínimo, negligência grave ou, na pior das hipóteses, conduta dolosa que merece apuração rigorosa e responsabilização exemplar.

A população merece servidores competentes, sistemas auditados e gestores que não coloquem pessoas despreparadas em funções críticas. Caso contrário, continuaremos assistindo Máquinas Pesadas virarem Saveiros — e a credibilidade do serviço público virar pó.

O acesso a esses cursos é público e irrestrito. Qualquer cidadão pode verificar — inclusive aquele perfil de leitor que exibe reflexos condicionados ao gritar "fake news" diante de qualquer crítica à gestão, mas que jamais aplica o mesmo rigor investigativo aos atos do poder público que tanto defende. Para esses, fica o desafio: que tal trocar a torcida organizada por cidadania ativa e conferir os documentos antes de sair em defesa automática?