Prezamos pela transparência, pelo rigor técnico e pelo respeito ao cidadão. Nesse sentido, agradecemos publicamente à Prefeitura Municipal de Morro do Chapéu pela Nota de Esclarecimento emitida em resposta à nossa apuração. A manifestação oficial confirma pontos essenciais do que apuramos, reforçando a seriedade do nosso método e a relevância do nosso trabalho para a fiscalização cidadã.

É imperativo esclarecer à população de Morro do Chapéu um ponto crucial que a Nota de Esclarecimento da Prefeitura omite seletivamente. A administração municipal concentra sua defesa em apenas dois registros — convenientemente, os mesmos que utilizamos como amostra em nossa matéria —, quando, na verdade, a investigação técnica do Grupo ADICC identificou e denunciou formalmente 92 lançamentos individuais com custos por litro que variam de 10,00 a 70,00.

Que fique claro: não se trata de um ou dois equívocos, mas de um padrão de inconsistência documentado em 92 denúncias formais.

Prefeitura Municipal de Morro do Chapéu


1) Confirmação de erro material e validação do nosso método

  • Em nossa matéria, apontamos que dados oficiais lançados no SIGA/TCM-BA indicavam custos por litro de combustível atingindo patamares absurdos (até R$ 70,00 por litro), conforme registros públicos da própria Prefeitura.
  • A Prefeitura, em sua Nota, reconhece que:
    • Os lançamentos foram realizados por empresa terceirizada contratada pela gestão;
    • Houve “falhas e inconsistências operacionais” no preenchimento do sistema;
    • Especificamente, os cartões “PMC0001/PMC0101” e “PMC0003/PMC0103” tiveram códigos lançados de forma equivocada, distorcendo a litragem e, por consequência, o custo por litro.
  • Trata-se, portanto, da confirmação expressa de que:
    • Os dados que embasaram nossa investigação são oficiais (do SIGA/TCM-BA);
    • A distorção decorre de erro de lançamento sob responsabilidade de empresa contratada pela PRÓPRIA GESTÃO;
    • O problema era “de fácil identificação” e foi reconhecido agora de maneira pública — fato que, por si, valida nosso método técnico de auditoria de dados públicos e a diligência das nossas requisições formais.

Para o Grupo ADICC, essa confirmação é, na prática, um reconhecimento institucional de que a nossa atuação técnica cumpriu seu papel: identificar inconsistências relevantes em dados públicos e provocar a checagem oficial, com a correspondente correção narrativa por parte do Poder Público.

2) Sobre “aprovação com ressalvas” x “rejeição”

  • Em nenhum momento pretendemos transformar “aprovação com ressalvas” em “rejeição”. Nossa matéria deixa claro que as contas foram aprovadas com ressalvas — e isso significa, tecnicamente, que:
    • Houve aprovação do conjunto das contas;
    • Mas foram apontadas falhas, impropriedades e/ou irregularidades a serem sanadas, as quais não são meramente retóricas: tratam de problemas de governança, controles, contabilidade, tempestividade e consistência de informações, entre outros.
  • Como consta em decisões do TCM-BA citadas na nossa apuração, as ressalvas mencionam:
    • Inconsistências em demonstrativos contábeis;
    • Déficits orçamentário e patrimonial em exercícios analisados;
    • Falhas na transparência e na tempestividade de envio de dados ao SIGA;
    • Ocorrências em licitações e contratos;
    • Fragilidades do controle interno e cobranças inefetivas.
  • É justamente por respeito ao cidadão que destacamos: “aprovação com ressalvas” não significa “100% regular”, tampouco “sem apontamentos”. Significa aprovação acompanhada de determinações, recomendações e multas — itens que importam para a avaliação da gestão pública.

3) Transparência ativa e acesso à informação

  • A Nota da Prefeitura cita o “E-TCM Consulta Pública” como repositório de documentos que refletem a “verdade material” dos fatos. Concordamos e incentivamos que a própria gestão:
    • Disponibilize, de forma proativa e didática, os links, relatórios e peças processuais que esclareçam as divergências entre SIGA e documentos contábeis internos;
    • Explique à população, de maneira acessível, como consultar aprovações com ressalvas, decisões e relatórios no sistema do TCM-BA.
  • Se a administração tem a convicção de que os documentos de pagamento, notas fiscais e relatórios analíticos demonstram preços dentro da normalidade, é dever de transparência facilitar o acesso público a essas evidências, preferencialmente em formato aberto e acompanhados de metadados mínimos (período, unidade, meio de pagamento, operador, centro de custo, etc.).

4) Responsabilização e aprimoramento de controles

  • A Prefeitura admite que a relação contratual com a empresa responsável pelos lançamentos foi desfeita por “precariedade do serviço” e “falhas” no SIGA. Esse reconhecimento institucional tem dois desdobramentos:
    • Aspecto de responsabilização: compete à gestão apurar internamente o dano potencial decorrente de erros sistemáticos de alimentação do sistema oficial, aferir responsabilidades contratuais e administrativas, e informar o cidadão sobre as providências adotadas.
    • Aspecto de governança: reforça a necessidade de controles internos eficazes, conferência de dados antes do envio ao TCM, segregação de funções e trilhas de auditoria. É positivo que a Nota mencione uma “revisão detalhada dos dados lançados no período”. Recomendamos que o cronograma, escopo e resultados dessa revisão sejam tornados públicos.

5) Sobre o papel do GRUPO ADICC e próximos passos

  • Nosso objetivo é municiar o cidadão com informação técnica, objetiva e comprovável. Não fazemos militância, tampouco praticamos sensacionalismo. Trabalhamos com documentos oficiais.
  • Agradecemos à Prefeitura de Morro do Chapéu por, ainda que de forma irônica em alguns trechos, validar nossa apuração ao reconhecer as inconsistências nos lançamentos e a contratação de prestador sem a devida aptidão técnica para a tarefa. Paradoxalmente, isso economiza tempo social e institucional, pois antecipa correções que, em geral, tardam nos fluxos de controle externo.
  • Renovamos nosso compromisso de:
    • Seguir encaminhando formalmente às instâncias competentes (TCM-BA, Ministério Público, Controladoria) os indícios que apurarmos;
    • Publicar análises claras, com base documental, explicando ao cidadão o significado de cada termo técnico e suas consequências práticas.

6) Apelo à transparência contínua

  • Sugerimos que a Prefeitura:
    • Publique, em portal próprio, um dossiê consolidado sobre combustíveis com: (i) planilhas de abastecimentos por cartão/veículo, (ii) relatórios da operadora, (iii) notas fiscais, (iv) comprovantes de pagamento e (v) reconciliação com os envios ao SIGA, por competência mensal.
    • Divulgue guias rápidos de como consultar o E-TCM e entender “aprovação com ressalvas”, de maneira pedagógica à população.
    • Atualize periodicamente a situação das recomendações do TCM-BA, indicando o que já foi sanado, o que está em andamento e prazos para conclusão.

Encerramos reiterando nosso respeito às instituições e à sociedade de Morro do Chapéu. Nosso trabalho é público e técnico, e permanecerá assim. Se a administração municipal, doravante, responder de forma célere e documentada a cada apontamento, quem ganha é o cidadão — com mais transparência, controle e eficiência na aplicação do dinheiro público.